A Rebeldia Fonográfica na Antiga União Soviética
- Cristian Dal Solio
- 19 de dez. de 2019
- 2 min de leitura
Com o advento das mídias sociais, nosso acesso à informação ficou mais rápido e amplo, em poucos minutos, algo pode se tornar um viral nas redes e a música não é exceção, hoje existem serviços destinados à disseminação dos mais diversos gêneros e estilos musicais pelo globo. Mas e se você fosse impedido de ouvir a banda ou artista que tanto adora, o que faria?
A União das Republicas Socialistas Soviéticas ou apenas União Soviética como é mais conhecida, teve seu inicio no ano de 1922, sob o comando de Josef Stalin, que logo após o termino da segunda guerra mundial, proibiu toda e qualquer forma de interferência estrangeira, principalmente a música. Na época, por volta de 1950, vários estilos musicais tiveram sua reprodução impedida pelo governo, gêneros como o jazz, rock, blues eram considerados perigosos e tóxicos aos jovens, e por esse motivo, sua entrada em domínios soviéticos era reprimida. A União Soviética permanecia com sua cortina de ferro, firme e forte, mas não contava com a criatividade de uma juventude apaixonada pela música, mesmo com a possibilidade real de prisão, o fascínio pela arte ocidental fez com que atos extraordinários fossem realizados por amor a música.
Desta paixão surgiu os “Stilyagi”, um grupo de pessoas que elaborou uma forma revolucionária de propagar a música do ocidente em terras Soviéticas, munidos com chapas de raios-x descartados por hospitais e vitrolas adaptadas, caminhavam em paralelo a indústria fonográfica mundial da época, uma a uma, chapas de raios-x com ossos nelas gravados, eram cortadas em círculos e preparadas para um processo de gravação arcaico e de baixa qualidade que permitia apenas algumas repetições da música gravada. Os discos “chapas de raios-x” ficaram conhecidos como “roentgenizdats”, vendidos na clandestinidade, em pouco tempo se tornaram muito populares, pois eram extremamente baratos. Os “contraventores” quando pegos, tinham como punição de dois a cinco anos de prisão por promover esta cultura.
A curiosidade em conhecer a “deturpada música do ocidente”, fez com que toda uma geração de jovens colocasse em risco sua liberdade para ter acesso ao material proibido pelo governo. Com o decorrer dos anos, a rebeldia fonográfica da juventude soviética abriu caminhos para os artistas ocidentais e também influenciou os locais. A cortina de ferro da União Soviética já não era mais tão firme e forte como antes, os acordes e batidas gerados a cada volta que os discos completavam na vitrola, abalaram sua estrutura.
Alex Gamin
Produtor Artístico








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